A vida seria muito mais fácil se houvesse respostas binárias, sim ou não, para cada pergunta que fosse importante para nós.
Mas não há. Você apenas pensa que existem. Mesmo para as mais fáceis ! Mas isso falaremos em outro momento
De onde vem essa história de estática causando diabetes ?
Em 2008, o estudo Júpiter um mostrou que em pessoas sem doença cardiovascular e com níveis relativamente normais de LDL-colesterol (<130 mg/dl), o uso de rosuvastatina 20mg reduziu significativamente a probabilidade de eventos cardiovasculares graves (1).
44% (ataques cardíacos, derrames, morte cardiovascular, etc.)
20% de redução na mortalidade por todas as causas
O estudo inclusive foi suspenso antes do final de tão significativo foi o resultado
No entanto houve um aumento estatístico dessas pessoas desenvolverem diabetes
No gripo que usou placebo Placebo foram 216 casos e no grupo que usou Rosuvastatina, 270 casos
A seguir, uma nova meta-análise (2) confirmou esses dados.
Esse risco é maior quando se utiliza terapia com estatina de alta intensidade.
E ai ? Notem como toda análise é importante:
80% das pessoas no estudo JÚPITER que desenvolveram diabetes já apresentavam glicose em jejum comprometida no início do estudo (3)
Elas não tinham, mas estavam a caminho de ter diabetes.
A maioria dos individuos tinham outros fatores:
IMC > 30 (algum grau de obesidade)
Hemoglobina A1c elevada
Esses 2 fatores por si só elevam seu risco de ter diabetes
O que parece ocorrer é que aqueles que já têm uma alta probabilidade de desenvolver diabetes são diagnosticados mais cedo.
Resposta da pergunta inicial ?
A principal conclusão é que a terapia com estatina pode resultar em um pequeno aumento no risco de diabetes recém-diagnosticado, mas 80% das vezes isso ocorre em pessoas que provavelmente desenvolveriam diabetes em algum momento de qualquer maneira. Mas o benefício (evitar eventos cardiovasculares) do seu uso é superior !
1 – N Engl J Med. 2008 Nov 20;359(21):2195-207
2 – Clin Endocrinol Metab. 2023 May;37(3):101749.
3 – Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2009 May;2(3):279-85